Na série de comentários que tenho tecido sobre as eleições de 2020, uma dúvida que não quer calar sempre vem à mente: Por que se gasta tanto dinheiro em uma campanha?
Não é segredo para ninguém e parece até algo normal o quanto é gasto por alguns figurões e profissionais da política em uma eleição. As cifras declaradas e as não declaradas são astronômicas, totalmente fora da realidade se comparado com o salário recebido em 04 (quatro) anos de mandato. Mas não é preciso ser nenhum economista para saber que de normal não tem nada.
Talvez um desavisado, olhando para o patrimônio de alguns políticos, pense que os rendimentos recebidos sejam bem elevados (e se comparado com a renda da grande maioria dos brasileiros é elevadíssimo), mas só para se ter uma ideia, cito como exemplo o salário atual de um vereador em Palmas-TO que perfaz o valor mensal de R$ 12.661,13 (Doze mil, seiscentos e sessenta e um reais e treze centavos), se somado 04 (quatro) anos alcançará cerca de R$ 709.000 (setecentos e nove mil reais), incluso no cálculo 13º salário e férias. Ressaltando que este é o valor bruto e ainda se fará a retenção de impostos.
O que se quer com este exemplo, na verdade não é questionar o quanto recebido e sim o quanto é gasto em uma campanha, basta ver as prestações de constas de alguns candidatos, para notar que muitos deles gastaram o dobro ou mais na campanha do que irão receber de salários durante o exercício do mandato. Numa situação normal, não se vê nenhum empregado pagar ao patrão para trabalhar, mas acredite, na política em algumas situações, aparentemente, é isto que acontece. O Político em tese estaria pagando para trabalhar. Será?
Ora, como é possível um político investir na campanha o dobro ou até o triplo do que receberá em salários se considerado todo o mandato? Resumindo a história, se um empresário investe em um negócio é porque pretende ter um retorno, um lucro etc. Será que quem investe altas cifras em uma campanha não teria o mesmo interesse? A resposta fica por conta dos noticiários, um belo exemplo seria a operação Lava-Jato, maior iniciativa de combate à corrupção e lavagem de dinheiro da história do Brasil, com vários políticos sendo investigados e muitos deles acabaram presos.
Enfim, quando um eleitor receber alguma vantagem, principalmente dinheiro em troca do voto, é bom lembrar que o político que compra o voto não tem nenhum sentimento de gratidão para com seus eleitores, são apenas negócios, nada mais que isso. Por isso alguns passam 04 (quatro) anos desaparecidos. Simples, compraram o mandato e não se veem obrigados a prestar um bom serviço à sociedade, seu foco estará apenas em recuperar seu investimento com juros e correção monetária.
O que muitos eleitores não sabem é o quanto seu voto é precioso, se soubessem não trocariam por uma mera esmola. O pior é que a “mixaria” não dá sequer para comprar um remédio nos anos vindouros. Depois não adianta reclamar da falta de educação, segurança e saúde, pois quem vende o voto, depois não terá para quem cobrar.
Portanto, se lembre, um corrupto não chega ao poder sozinho, ele precisa do voto do cidadão. Se um político oferece dinheiro ou outra vantagem em troca do voto já está escrito em sua testa o que ele vai fazer depois. Não contribua para que este ciclo vicioso continue nestas eleições, não venda seu voto, pois não há dinheiro no mundo que compre a sua dignidade, garanta saúde, segurança e educação de qualidade aos seus familiares.
Valcy Ribeiro – Advogado em Palmas