Em democracias consolidadas como o Brasil e os Estados Unidos da América, a alternância de poder é vista como um pilar essencial para a transparência e a fiscalização de qualquer gestão. Esse princípio tem o objetivo de prevenir que figuras públicas permaneçam indefinidamente em posições de poder, evitando práticas nocivas à transparência e à renovação institucional.
Em contradição a isso, na Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Tocantins (OAB/TO), o atual presidente Gedeon Pitaluga, que já está à frente da instituição por dois mandatos, busca sua permanência por 9 anos, despertando críticas de seu opositor, Leonardo Maciel, quanto aos riscos dessa continuidade.
Durante o debate ocorrido na última sexta-feira (1º), na Rede TV Tocantins, em Palmas, Maciel destacou que sua candidatura representa uma ruptura com o modelo de gestão vigente e criticou abertamente a nova tentativa de reeleição de Pitaluga. “Eu nunca tive mandato na OAB, nem como conselheiro, nem como diretor, e a minha chapa representa uma renovação clara”, afirmou.
Mais de duas décadas no poder
O candidato à reeleição, Gedeon Pitaluga, representa um grupo que somados os seus mandatos de presidente da OAB/TO ultrapassam 2 décadas (24 anos). Analisando o período de existência da OAB/TO, percebe-se que a entidade esteve quase sempre sob o comando de apoiadores e mentores de sua atual chapa. Em sua trajetória, Gedeon descumpriu promessas de que não buscaria reeleição para qualquer cargo da seccional, repetindo um padrão estabelecido por seus gurus, Luciano Ayres (12 anos/4 mandatos) e Ercílio Bezerra (6 anos/2 mandatos).
A falta de renovação, na opinião do candidato de oposição e de seus apoiadores, impossibilita a oxigenação da entidade e a introdução de novas perspectivas, algo que Maciel enfatiza como urgente. Entre os ex-presidentes, Walter Ohofugi, apoiador dos ideais da Chapa 11 – “Advocacia em Ordem”, se destaca por ter sido capaz de cumprir sua promessa de não buscar a reeleição.
“Eu não sou candidato nas próximas eleições. Nós acreditamos que existem colegas preparados, nós temos aí vários colegas preparados e por isso não sou candidato à reeleição”, afirmou Walter Ohofugi, ao ser questionado, após eleito, em entrevista à TV Anhanguera, se seria candidato à reeleição.
Perpetuação no poder e inércia da entidade
Ainda durante o debate, Maciel também questionou o adversário sobre os motivos para não ter permitido uma sucessão interna dentro do próprio grupo. “Você acha que esse modelo de perpetuação no poder deve ser aplicado em outras instâncias, como prefeituras, governos e presidência? Não encontrou ninguém capaz de sucedê-lo? O senhor discutiu com seu grupo essa candidatura?”, questionou.
Para o titular da Chapa 11 – “Advocacia em Ordem”, a OAB/TO precisa de um novo rumo, de lideranças que compartilhem o peso da responsabilidade com a classe e que lutem por uma advocacia valorizada e respeitada. “Precisamos de uma OAB para todos os advogados, e não para perpetuar o poder de alguns. É esse o compromisso que temos com a advocacia do Tocantins”, concluiu Maciel.