A Polícia Civil do Tocantins (PC-TO), por intermédio da Divisão Especializada de Repressão a Crimes Cibernéticos (DRCC – Palmas), deflagrou nesta quinta-feira, 10, nas cidades paulistas de São Paulo, Praia Grande, Araçatuba, Guarulhos e Ferraz de Vasconcelos, a terceira fase Operação Ghostbusters.
O delegado Lucas Santana, responsável pelo caso, explica que a referida operação teve o objetivo de desarticular organizações criminosas especializadas no ataque conhecido como “Mão Fantasma”, que consiste em uma nova prática fraudulenta inerente ao meio eletrônico, predominantemente viabilizada em aparelhos celulares, que propicia furtos eletrônicos de elevada monta, a partir da instalação de ferramenta para gerenciamento remoto de dispositivos, recomendada pelos fraudadores sob o falso pretexto da remoção de vírus e outras ameaças digitais.
Os investigados, no total de 30 (entre alvos ou não das ações policiais de hoje), respondem por organização criminosa, furto eletrônico e lavagem de capitais, imputando-se a alguns deles ações delituosas sequenciais (continuidade delitiva), contra mais de uma vítima.
O delegado-chefe da DRCC – Palmas, Lucas Brito Santana, reforça que a realização da terceira etapa da Operação Ghostbusters ocorreu após o deferimento de representações policiais e expedição, por duas varas criminais de Palmas, de um total de 18 mandados judiciais, sendo quatro de prisão preventiva (em desfavor de três indivíduos) e 14 de busca domiciliar, em endereços situados nas cidades paulistas.
No decorrer das ações policiais para consecução das referidas ordens, foi dado cumprimento ao mandado de prisão preventiva expedido em desfavor do investigado de iniciais V. C. P., de 20 anos, e apreendidos aparelhos celulares, notebooks e dispositivos informáticos diversos.
Outros dois implicados que ostentam ordens de prisão preventiva, no entanto, ainda não foram localizados, sendo que as diligências prosseguirão para a identificação de seus paradeiros e consequentes capturas. Ainda nesta data, também será efetivado o bloqueio e sequestro dos valores obtidos criminosamente, junto às contas bancárias e aplicações financeiras de alguns dos investigados.
O indivíduo já preso preventivamente na Operação Ghostbusters III foi submetido aos procedimentos legais cabíveis, assim como os demais investigados, e posteriormente, foi encaminhado para a Unidade Penal Local, onde aguardará recambiamento para o sistema penal tocantinense, à disposição do Poder Judiciário. Os inquéritos policiais correspondentes serão concluídos nos próximos dias.
Como funciona o crime
O ataque normalmente se inicia com uma ligação, na qual o criminoso se apresenta como funcionário de uma instituição financeira, comunicando possíveis movimentações atípicas na conta bancária da pessoa, tais como compras/transferências suspeitas e tentativas de invasão, previamente notificadas através de mensagens SMS.
“Diante da negativa da vítima quanto à confirmação de tais movimentações e acessos, o suposto funcionário indica a necessidade de uma varredura digital no dispositivo, que seria executada remotamente pelo atendente por meio da instalação de um aplicativo, procedimento que reforçaria os mecanismos de segurança e impedir novas invasões”, disse o delegado.
Ocorre que o pretexto de reforço da segurança digital é fictício, sendo que, ao ser instalado o tal aplicativo é atribuído acesso remoto do dispositivo ao criminoso, este passa a subtrair, sob os olhares da vítima, todos os valores contidos em suas contas, até mesmo os créditos em potencial, por via de uma série de transações, entre transferências, pagamentos, empréstimos e adiantamentos.
Para conferir uma aparência de credibilidade no contato feito com a vítima, os falsos funcionários são cordiais, empregam linguagem culta, usam recursos tecnológicos, como as gravações das centrais, e simulam transferências para outros atendentes, podendo, inclusive, mascarar o número de telefone já adotado pelas instituições financeiras como canais de atendimento.
Prejuízo de mais de R$ 100 mil
A Operação Ghostbusters III decorre de dois inquéritos policiais, instaurados ao final do ano de 2022, quando seis vítimas, todas residentes em Palmas, tiveram suas contas bancárias invadidas e, após instalarem o citado aplicativo de gerenciamento remoto, viram seus patrimônios severamente atingidos, amargando o prejuízo somado de, aproximadamente, R$ 120 mil.
A nomenclatura “Ghostbusters” (traduzida como “Caça-fantasmas”) alude ao modo de agir dos infratores, os quais, valendo-se dos artifícios mencionados, travestiram-se de atendentes bancários e convenceram as vítimas a instalarem ferramenta de gerenciamento remoto de dispositivo, subtraindo de suas contas e sob os seus olhares, valores expressivos, agindo como autênticos “fantasmas”.
Além da DRCC – Palmas, a Operação contou com o apoio de diversas forças de segurança dos Estados do Tocantins e São Paulo, totalizando mais de 60 policiais civis envolvidos nas ações deste dia.